sexta-feira, 27 de abril de 2012

Tema II - MODELOS E TENDÊNCIAS EVOLUTIVAS NOS SISTEMAS EDUCATIVOS EUROPEUS


Concordo com a perspetiva de Canário (2006), quando este refere que num mundo globalizante os sistemas educativos encontram-se obsoletos, tornando-se necessário uma regulação das políticas educativas transnacional, daí a importância dos paradigmas e dos pressupostos nas ciências da educação e na condução deste debate.
No âmbito dos rumos dos sistemas educativos, reforço Delors et al. (1996:224) quando sustentam o seguinte: “Efetivamente, é pela edificação de comunidades educativas plurais, regidas por regras de participação democrática, onde a negociação dos diferentes pontos de vista se privilegia como método e se recusa a violência ou o autoritarismo como formas de resolução dos conflitos naturais, que se educa para uma plena cidadania”.
Delors et al. (1996) salientam ainda que: “existem tesouros escondidos no interior de cada ser humano. Memória, raciocínio, imaginação, capacidades físicas, sentido estético, facilidade de comunicação com os outros... O que só vem confirmar a necessidade de cada um se conhecer e compreender melhor, para assim poder dar o seu melhor."
“Uma nova conceção ampliada de educação devia fazer com que todos pudessem descobrir, reanimar e fortalecer o seu potencial criativo — revelar o tesouro escondido em cada um. Isto supõe que se ultrapasse a visão puramente instrumental da educação, considerada como a via obrigatória para obter certos resultados (saber-fazer, aquisição de capacidades diversas, fins de ordem econômica), e passe a considerá-la em toda a sua plenitude: realização da pessoa que, na sua totalidade, aprende a ser ” Delors et al. (1996:90).
Como refere Seco, (2002) apostar preventivamente, num desenvolvimento profissional docente positivo e gerador de bem-estar parece ser uma tarefa inadiável e imprescindível na definição do melhor rumo para a reorganização do sistema educativo. Importa pois recordar que os responsáveis pelos sistemas educativos somos nós! Cada um de nós!
Uma recomendação do parlamento europeu e do conselho de 18 de dezembro de 2006 sobre as competências essenciais para a aprendizagem ao longo da vida (2006/962/CE) reforça “A necessidade de dotar os jovens das competências essenciais pertinentes e de melhorar os seus níveis de desempenho escolar faz parte das Orientações Integradas para o Crescimento e o Emprego.”
"O desafio do profissionalismo interactivo constitui um repto ao aperfeiçoamento contínuo das escolas. Trata-se de um processo que, por sua vez, conduz a ganhos no sucesso dos alunos. Ninguém que trabalhe nas nossas escolas deverá fugir a este desafio." (Fullan & Hargreaves, 1991:12)
Concordo plenamente com a perspetiva de Carneiro (1994) quando referes que a sociedade do futuro deverá ser sustentada em três pilares: 1) sociedade do risco - perspetiva o espírito empreendedor, as formas de trabalho flexíveis e precárias pressupõem, um modelo de educação mais autónomo, menos homogéneo e mais diverso e plural; 2)sociedade ativa - como nova utopia do séc. XXI, na qual todos têm o direito a uma atividade e à participação nas tarefas de desenvolvimento da comunidade e 3) sociedade educativa- dominada pelo paradigma humano e da capitalização cultural ao invés da omnisciência económica."
Bill Gates reforça que “não podemos reformar o sistema de ensino público. Nós precisamos de substituí-lo completamente, porque o sistema foi escolhido para preparar as pessoas para ontem e não para o amanhã!”... Não será esse um dos nossos maiores entraves à definição de objetivos claros e realistas para preparar o futuro da educação dos nossos co-cidadãos. O sucesso poderá também passar pela adaptação constante aos valores da sociedade...
Nos dias que correm, a sociedade revela-se cada vez mais competitiva e desafiante, exigindo dos cidadãos o empreendedorismo, a mudança, a inovação e a reação à plasticidade frequente dos seus contextos. Leite e Fernandes (2002) referem que a educação não se pode limitar à aquisição de conhecimentos nem à aprendizagem de conhecimentos instrumentais, espera-se que a escola viva numa forte relação com a sociedade e com o mundo e que crie condições de análise das situações sociais de modo a desenvolver nos alunos competências para nelas intervir.
O “Novo profissionalismo” (Lutzm, 1994), teoria geral da educação aponta para competências metacognitivas e horizontais, salientando as competências educativas prioritárias: comunicacionais, relacionais, criativas tecnológicas negociais estéticas éticas comunitárias e de cidadania.
A mudança é um conceito fundamental, “não é possível estudar a educação desligada das evoluções sociais. A educação é produto de uma história de sociedade e ao mesmo tempo um determinante essencial para o futuro” (Ramos,n.d:3).
Hargreaves (2001) salienta que ensinar é um trabalho emocional e por isso os professores experimentam emoções positivas e negativas no seu ambiente de trabalho, daí a importância da inteligência emocional no ensino e na gestão da “escola” e da “vida”.

Referências Bibliográficas
Hargreaves, Andy (2001, December). Emotional geographies of teaching. Teachers College Record Volume 103, Number 6, December 2001, pp.1056-1080. Columbia University.
Ramos, C. (nenhuma data). Tendências evolutivas das Sociedades Contemporâneas. Lisboa, Universidade Aberta.
Leite, C. & Fernandes, P. (2002). Avaliação das Aprendizagens dos Alunos: novos contextos. Porto: Edições Asa.
Carneiro, Roberto (1994). A evolução da economia e do emprego. Novos desafios para os sistemas educativos no dealbar do séc. XXI
Seco, G. M. (2002). A satisfação dos professores (1ª ed.). Lisboa, Portugal: Edições ASA.
Fullan, M., & Hargreaves, A. (1991). Por que é que vale a pena lutar? O trabalho de equipa na escola (2001, 1ª ed.). (P. S. Ontario, Ed., & J. Á. Lima, Trad.) Porto, Portugal: Porto Editora.
Delors, J. et al. (1996). Educação um tesouro a descobrir. Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação para o século XXI. Porto: Edições Asa.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Tema I - Mutações Sociais e Sistemas Educativos

Os Sistemas Educativos



A sociedade atual, também chamada de "sociedade do conhecimento", mostra-nos que existem grandes mudanças em vários aspetos, espaços sociais económicos e produtivos.

Assim, o conhecimento é o principal fator de produção e interfere diretamente no desenvolvimento da sociedade.

O desenvolvimento tecnológico levou a mudanças no modo de comunicar e nos fluxos de informação.

A inovação dos sistemas tornou-se uma vantagem competitiva, tornando a sociedade mais capaz de dar resposta a melhores condições para inovar. As novas tecnologias permitem uma rapidez na informação e no crescimento de uma sociedade/organização.

Ao governo, são atribuídos novos papéis: fomentar a pesquisa científica como processo criador do conhecimento e garantir a inclusão e o acesso da população às novas tecnologias. A Educação e os sistemas educativos têm então, um papel fundamental na sociedade, preparar os cidadãos para “a inovação inerente ao progresso tecnológico, com capacidade de evolução e de adaptação a um ambiente de constante mudança” (Ramos, 2007), assim como a formação ao longo da vida, sendo um alicerce do desenvolvimento económico de cada país.

Segundo a Lei de Bases do Sistema Educativo Português, entende-se “O sistema educativo é o conjunto de meios pelo qual se concretiza o direito à educação, que se exprime pela garantia de uma permanente ação formativa orientada para favorecer o desenvolvimento global da personalidade, o progresso social e a democratização da sociedade (art.º 1, ponto 2). O sistema educativo desenvolve-se segundo um conjunto organizado de estruturas e de ações diversificadas, por iniciativa e sob responsabilidade de diferentes instituições e entidades públicas, particulares e cooperativas” (art.º1, ponto 3).

Não é possível estudar a educação desligada das evoluções sociais. A educação é produto de uma história de sociedade e ao mesmo tempo constitui-se como estruturante do seu futuro. (Ramos, 2007) O sistema educativo tem, pois, por missão explícita ou implícita, preparar cada um para este papel social” Jacques Delors (2000)


"Caberá aos sistemas educativos encaminhar a educação e a sociedade no sentido de ambas convergirem nos interesses que as unem e minimizarem as distâncias que as afastam" Na verdade também acredito que o conhecimento é poder. Poder e responsabilidade. O relatório para a Unesco da Comissão Internacional sobre Educação para o séc. XXI (2006) apresenta a necessidade de uma escola aberta que integre a ideia de uma comunidade educativa com projeção social de forma a possibilitar a formação cívica nos domínios da responsabilidade, da solidariedade, e do respeito pelos outros.

O desafio é mesmo assumir a tal relação que se quer dialética entre a sociedade e a educação em que ambas se alimentam uma da outra numa relação mutualista e profícua. A dialética e a "alimentação" que tem de existir nestes sistemas educativos é muito importante!

Os sistemas educativos estão a ser pressionados de várias formas, nomeadamente a heterogeneidade do público que gravita nas escolas e a necessidade de incrementar regras que devem ser comuns a todos. Para além disso, os Sistemas Educativos não têm sabido dar respostas cabais às enormes discrepâncias produzidas entre o desenvolvimento económico e o não correspondente desenvolvimento humano. As diferenças têm gerado desigualdades entre Estados, logo o ritmo de desenvolvimento não é semelhante em todos os países.

O grande desafio dos Sistemas Educativos atuais é o de propiciar as ferramentas necessárias para uma aprendizagem ao longo da vida, onde o indivíduo potencie as suas capacidades e encontre o seu lugar como construtor da sociedade onde está inserido, sendo um cidadão ativo e participativo na sua comunidade.


Bibliografia:

CALLE, D. A., G.; DA SILVA, E. (2008). "Inovação no contexto da sociedade do conhecimento", in Revista TEXTOS de la CiberSociedad, Nº 8 -Temática Variada (Características da sociedade do conhecimento).

DELORS, J. (Coord.) (2005). Educação: um tesouro a descobrir. Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação para o século XXI (9.ª Edição). Porto: Edições Asa.

RAMOS, C. (2001). "Tendências evolutivas das sociedades contemporâneas", in Os processos de autonomia e descentralização à luz das teorias de regulação social: o caso das políticas públicas de Educação em Portugal (Tese de Doutoramento). Monte de Caparica: FCT/UNL.

RAMOS, C. (2007). Aspetos contextuais dos Sistemas Educativos. Lisboa: Universidade Aberta.
UNESCO. (2001). UNESCO - Educação. Obtido em 05 de 04 de 2012, de UNESCO - Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciências e Cultura | Comissão Nacional da UNESCO - Portugal: http://www.unesco.pt/cgi-bin/educacao/programas/edu_programas.php
UNESCO, E. M. (Ed.). (2007). Education for All by 2015 - Will we make it? (2009, brasileira ed.). (S. Couto, Trad.) Paris, França: Conselho Editorial da UNESCO no Brasil - Comité para a área da Educação. Obtido em 01 de 04 de 2012, de http://unesdoc.unesco.org/images/0018/001871/187129por.pdf