Concordo com a perspetiva de Canário (2006), quando este refere
que num mundo globalizante os sistemas educativos encontram-se obsoletos,
tornando-se necessário uma regulação das políticas educativas transnacional,
daí a importância dos paradigmas e dos pressupostos nas ciências da educação e
na condução deste debate.
No âmbito dos rumos dos sistemas educativos, reforço Delors et al.
(1996:224) quando sustentam o seguinte: “Efetivamente, é pela edificação de
comunidades educativas plurais, regidas por regras de participação democrática,
onde a negociação dos diferentes pontos de vista se privilegia como método e se
recusa a violência ou o autoritarismo como formas de resolução dos conflitos
naturais, que se educa para uma plena cidadania”.
Delors et al. (1996) salientam ainda que: “existem tesouros
escondidos no interior de cada ser humano. Memória, raciocínio, imaginação,
capacidades físicas, sentido estético, facilidade de comunicação com os outros...
O que só vem confirmar a necessidade de cada um se conhecer e compreender
melhor, para assim poder dar o seu melhor."
“Uma nova conceção ampliada de educação devia fazer com que todos
pudessem descobrir, reanimar e fortalecer o seu potencial criativo — revelar o
tesouro escondido em cada um. Isto supõe que se ultrapasse a visão puramente
instrumental da educação, considerada como a via obrigatória para obter certos
resultados (saber-fazer, aquisição de capacidades diversas, fins de ordem
econômica), e passe a considerá-la em toda a sua plenitude: realização da
pessoa que, na sua totalidade, aprende a ser ” Delors et al. (1996:90).
Como refere Seco, (2002) apostar preventivamente, num
desenvolvimento profissional docente positivo e gerador de bem-estar parece ser
uma tarefa inadiável e imprescindível na definição do melhor rumo para a
reorganização do sistema educativo. Importa
pois recordar que os responsáveis pelos sistemas educativos somos nós! Cada um
de nós!
Uma recomendação do parlamento europeu e do conselho de 18 de
dezembro de 2006 sobre as competências essenciais para a aprendizagem ao longo
da vida (2006/962/CE) reforça “A necessidade de dotar os jovens das
competências essenciais pertinentes e de melhorar os seus níveis de desempenho
escolar faz parte das Orientações Integradas para o Crescimento e o Emprego.”
"O desafio do profissionalismo
interactivo constitui um repto ao aperfeiçoamento contínuo das escolas.
Trata-se de um processo que, por sua vez, conduz a ganhos no sucesso dos
alunos. Ninguém que trabalhe nas nossas escolas deverá fugir a este
desafio." (Fullan & Hargreaves,
1991:12)
Concordo plenamente com a perspetiva de Carneiro (1994) quando
referes que a sociedade do futuro deverá ser sustentada em três pilares: 1) sociedade
do risco - perspetiva o espírito empreendedor, as formas de trabalho
flexíveis e precárias pressupõem, um modelo de educação mais autónomo, menos
homogéneo e mais diverso e plural; 2)sociedade ativa - como nova utopia
do séc. XXI, na qual todos têm o direito a uma atividade e à participação nas
tarefas de desenvolvimento da comunidade e 3) sociedade educativa-
dominada pelo paradigma humano e da capitalização cultural ao invés da
omnisciência económica."
Bill Gates reforça que “não podemos reformar o sistema de ensino
público. Nós precisamos de substituí-lo completamente, porque o sistema foi
escolhido para preparar as pessoas para ontem e não para o amanhã!”... Não será
esse um dos nossos maiores entraves à definição de objetivos claros e realistas
para preparar o futuro da educação dos nossos co-cidadãos. O sucesso poderá
também passar pela adaptação constante aos valores da sociedade...
Nos dias que correm, a sociedade revela-se cada vez mais competitiva
e desafiante, exigindo dos cidadãos o empreendedorismo, a mudança, a inovação e
a reação à plasticidade frequente dos seus contextos. Leite e Fernandes (2002)
referem que a educação não se pode limitar à aquisição de conhecimentos nem à
aprendizagem de conhecimentos instrumentais, espera-se que a escola viva numa
forte relação com a sociedade e com o mundo e que crie condições de análise das
situações sociais de modo a desenvolver nos alunos competências para nelas
intervir.
O “Novo profissionalismo” (Lutzm, 1994), teoria geral da educação
aponta para competências metacognitivas e horizontais, salientando as
competências educativas prioritárias: comunicacionais, relacionais, criativas
tecnológicas negociais estéticas éticas comunitárias e de cidadania.
A mudança é um conceito fundamental, “não é possível estudar a educação desligada das evoluções sociais.
A educação é produto de uma história de
sociedade e ao mesmo tempo um determinante essencial para o futuro”
(Ramos,n.d:3).
Hargreaves (2001) salienta que ensinar é um trabalho emocional e
por isso os professores experimentam emoções positivas e negativas no seu
ambiente de trabalho, daí a importância da inteligência emocional no ensino e
na gestão da “escola” e da “vida”.
Referências Bibliográficas
Hargreaves, Andy (2001, December). Emotional
geographies of teaching. Teachers College Record Volume 103, Number 6,
December 2001, pp.1056-1080. Columbia University.
Ramos, C. (nenhuma data). Tendências evolutivas das Sociedades
Contemporâneas. Lisboa, Universidade
Aberta.
Leite, C. & Fernandes, P. (2002). Avaliação das
Aprendizagens dos Alunos: novos contextos. Porto: Edições Asa.
Carneiro, Roberto (1994). A evolução da economia e do emprego.
Novos desafios para os sistemas educativos no dealbar do séc. XXI
Seco, G. M. (2002). A satisfação dos professores (1ª ed.).
Lisboa, Portugal: Edições ASA.
Fullan, M., & Hargreaves, A. (1991). Por que é que vale a
pena lutar? O trabalho de equipa na escola (2001, 1ª ed.). (P. S. Ontario,
Ed., & J. Á. Lima, Trad.) Porto, Portugal: Porto Editora.
Delors, J. et al. (1996). Educação um tesouro a descobrir.
Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação para o século
XXI. Porto: Edições Asa.
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